10 dicas de alimentação saudável para quem mora no exterior

Todo mundo tem aquele amigo solteiríssimo que é expert quando o assunto é relacionamento. Sinto-me como um deles agora. Não porque darei palpite na vida amorosa alheia mas porque, assim como eles, estou prestes a dar conselhos sobre algo que nunca funcionou comigo: manter o peso durante os intercâmbios.

Desde que vim para Austrália, porém, finalmente consegui o feito de não engordar. Talvez porque esteja mais velha madura, ou tenha embarcado nessa onda de vida saudável. Pode ser também porque antes não tinham as redes sociais prá dar as dicas, nem musa fitness prá inspirar. Independente do motivo, aqui compartilho meus erros e acertos, vem ver!

1) Aprenda os hábitos locais

Ok que quase todas as comidas típicas normalmente são bem “engordantes”, mas na raiz de todas as culturas é que reside o jeito mais saudável de se alimentar. É o caso, por exemplo, da alimentação pura das comunidades indígenas, da dieta mediterrânea, das comidas frescas dos japoneses e daquele ritual todo que os franceses têm à mesa. Quando morei na China, adquiri o hábito de beber bastante chá, mesmo que a galera fritasse até alface. Errei ao não abolir os chocolates como eles. Aqui na Austrália, copiei o hábito das marmitas.  É pepininho, cenourinha e frutinhas prá cima e prá baixo. Nos Estados Unidos também aderi aos hábitos locais do fast food. Por isso voltei com quase 10 kilos a mais.

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2) Aproveite que as superfoods no exterior são mais acessíveis

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Quase caí prá trás com o preço dessa pasta de amendoim no Rio

Aqui em Sydney já é fácil encontrar nos supermercados populares o tal do goji berry, óleo de coco, semente de chia, leite de amêndoa e tantos outros dos chamados super alimentos. Em vários países eles são bem mais baratos do que no Brasil. O óleo de coco, por exemplo, que eu pago uns $5 na Austrália, me custou mais de R$20 no Brasil. Lógico que ainda é bem mais caro que a alternativa convencional (no caso, os óleos vegetais), mas por um motivo óbvio: a maioria desses super alimentos são puros, não frutos da produção industrial em massa. Depois que os dólares já não forem mais sua principal preocupação com a vida no exterior, se concentre nos benefícios das comidas de verdade e invista na sua saúde.

3) Não ache que apenas seu trabalho braçal te deixará em forma

No meu primeiro intercâmbio, eu caí quem nem boba ilusão de que, ao limpar 15 quartos por dia, estaria liberada para comer o que quisesse. No almoço, mandava ver nas quesadillas mexicanas com batata frita seguido por um pratinho bem generoso de sobremesa. Ao final do expediente,
corria prá cantina me esbaldar com sorvete de baunilha imerso em coca-cola – depois de um dia tão puxado, eu merecia minha porção de vaca-preta. A verdade é que precisaria ter limpando pelo menos uns outros 15 quartos para realmente empatar as calorias ingeridas com as queimadas. E o resultado não foi nada bonito.

4) Mantenha o hábito brasileiro de fazer refeições ao invés de apenas lanchar

Por mais trivial que seja, o costume de religiosamente parar tudo ao meio-dia para comer um prato com arroz, feijão, carne e salada é um dos que mais aprecio na cultura brasileira. Em alguns países a galera tem o hábito de comer só um sanduíchinho rápido e chamar isso de almoço. Pelo menos comigo o que esse tipo de almoço faz é me manter num estado constante de fome, uma presa fácil para as primeiras tentações mais podrinhas que aparecem pela frente ao longo do dia. Depois de tanto beliscar, mesmo que finalmente eu acabe ficando “cheia”, dificilmente estarei bem nutrida.

5) Resista às tentações no seu trabalho

É comum a galera se perder com aquela comilança toda disponível no restaurante/café/boteco onde trabalha. Eu que o diga. Uma época trabalhei vendendo trufas brasileiras aqui em Sydney. A maior parte do tempo era dando amostra pro pessoal, e vendo a cara de satisfação deles pedindo mais. Essas foram as estratégias para não se perder nesse doce e perverso universo: 1) Chegar sempre bem alimentada; 2) estar atenta ao horário de parar pra comer; 3) sempre ter uma fruta a disposição; 4) manter um chiclezinho na boca. Óbvio que nada disso me impedia de dar umas beliscadas ocasionais (também não sou boba de desperdiçar a oportunidade), mas sem esses truques teria sido bem pior.

6) Não preencha estados emocionais ruins com comida

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Imagem: Alisson Leach (Getty Images)

Na tensão de arranjar emprego, pagar as contas, se dar bem nos estudos e aguentar a saudade, todos ficamos muito mais emocionalmente vulneráveis. E é muito comum compensar essa ansiedade toda na comida.
Nesse caso o esforço é puramente mental, portanto preste atenção se sua vontade de comer tem fundo emocional ou de fato a refeição anterior foi fraca e está na hora de se alimentar de novo mesmo.

7) Aproveite as redes sociais prá aprender a cozinhar

Tem muito perfil natureba que anda mudando minha vida no quesito alimentação. Desde que me mudei prá Austrália passei a me aventurar muito mais na cozinha e, embora essa nunca fosse minha praia, acabei pegando gosto pela coisa. Mas também não tenho saco/tempo/paciência de cozinhar todo dia. Então quando a gente aqui em casa se atraca na cozinha, sai banquete que rende marmita pro resto da semana. Não há alternativa mais econômica, limpa e saudável.

8) Repense se aquela comida baratinha vale mesmo a pena

Pode ser doloroso abrir mão daquele pãozinho da marca baratinha e levar um 5 vezes mais caro. Os preços realmente variam muito e, embora a marca conhecida nem sempre seja a mais saudável, é válido aprender a ler a lista de ingrediente para poder comparar. O que torna esses produtos tão baratos é, invariavelmente, o processo de industrialização ao qual são submetidos, que retira todos os nutrientes do alimento. Assim, você até pode economizar hoje, mas o preço virá mais tarde.

9) Reserve junk foods para momentos especiais

Eu sei, é uma desgraça ver esses chocolates europeus tããããão baratos. Dá uma alegria e uma tristeza ao mesmo tempo. Minha dica? Reserve esses agradinhos para os momentos de TPM forte, saudade apertada, comemorações, ou quando você realmente merece (critérios honestos por favor). Nos dias normais, passe longe dos corredores onde estão essas tentações e atravesse a rua ao menor sinal daquele cheirinho viciante de fast food.

10) Aproveite: comida também é cultura

Gastronomia diz muito sobre a cultura de um povo, portanto não se prive de comidas gostosas por causa da neura de que tem que estar em forma. Não consigo imaginar como alguém poderia aproveitar a Itália durante uma dieta low carb, ou tentando perguntar para um indiano se o bolinho da carrocinha dele é gluten free… Quando fui para Hong Kong fiquei extasiada ao ver a cada esquina uma comida típica de países tão exóticos, que eu nunca teria tido a chance de comer na minha cidade natal. Provei pratos tradicionais da Malásia, Vietnã, Bangladesh… foi uma orgia gastronômico-cultural tudo na mesma rua!

Comida também é história, conforto e confraternização, portanto experimente o que tiver vontade. Muitas das memórias boas da sua viagem estarão associadas à alimentação. Saúde e bom apetite!

Imagem: Paul Viant (Getty Images)

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