Nesse mundo onde vivemos
Sempre tive muita curiosidade
Será que pessoas de diferentes origens, línguas e credos
Podem ter afinidade?
Aqui quem escreve é a Natália
Sou um tanto aventureira, hoje vivo na Austrália
Moro junto com meu noivo
Num bairro chamado Narrabin
Eu tolero alguns defeitos dele
E o coitado aguenta a mim
O rapaz é Australiano
Eu, Brasileira
Um caso real de que o amor
Ultrapassa qualquer fronteira
Ele trabalha numa empresa inglesa
Já a minha, é filipina
Trabalhar faz bem prá alma
Mas o dinheiro também anima
Nessa casa onde moramos, nos amamos e brigamos
Muita coisa vem da China, o café é italiano e a TV japonesa
Mas viver feliz a dois, isso sim que é proeza
A gente conversa em inglês
Cada um com seu sotaque
Mas sempre apelo pro Português
Quando estou à beira de um ataque
Recém sobrevivemos a uma reforma
O pintor era do Irã, o marceneiro era chinês
Não limpar aquela bagunça toda
Aff, quanta insensatez
No fim das contas a sujeira
É sempre por conta do freguês
Tantas línguas nunca ouvi
Diferentes raças, cada um com uma feição
Sempre custo a acreditar
Que vivemos todos na mesma nação
Todas noite assistimos às notícias do mundo
É tanta guerra e desamor
Que só respirando fundo
Quem sabe um dia
Ainda adoto um moribundo
Sinto cheiro de curry indiano
Seria do vizinho, aquele simpático peruano
Ou viria da minha cozinha
Ah que saudades tenho
Da comida da minha mãezinha
Esses dias fui acordada
Bem na calada da madrugada
Eram as angústias do meu parceiro
Trabalho, família, chefe e dinheiro
Ouvi tudo caladinha
Alguns problemas eram complexos
Outros, quase banais
E eu só pensava comigo mesma
Os dramas da humanidade
Esses sim são universais