Manifesto dos labours

Seja por limitações de visto, falta de experiência local ou pouca fluência no idioma, a gente engoliu o orgulho e encaramos mesas cheias, privadas sujas e chefes “quadrados”. Trocamos o prestígio de alguns cargos em empresas renomadas pela informalidade de trabalhos casuais. Penduramos trajes executivos e aderimos aos práticos uniformes. Substituímos o salto alto por calçados confortáveis e camisa bem passada por roupa fácil de lavar. O peso nos ombros, trazido por grandes responsabilidades, foi trocado pelo peso dos carrinhos de mão, do aspirador de pó ou dos filhos dos outros. Trocamos baías aconchegantes de escritórios por restaurantes, lojas ou até casas – confortáveis como eram as nossas… A escada corporativa pela escada da obra. A churrascaria cara do almoço por um lanche rápido, que desce goela abaixo enquanto a gente dá oi no WhatsApp e engole a saudade.

Nos apresentamos por trás de um currículo recheado de erros ortográficos e de experiências que jamais pensamos um dia ter que inventar. Reinventamos a nós mesmos. Anos de estudo e experiência foram substituídos por um recomeço tardio e desastrado – ora divertido, ora questionável.

O mundo dos negócios parecia inatingível, e além dos entraves burocráticos, a ideia de competir com locais, mesmo que na nossa área de formação, amedrontava. Mas tudo é muito novo, depois a gente pensa em como vai se inserir no mercado local. Urgente mesmo é a necessidade de prover nosso próprio sustento. Pressa, a gente tem é por conseguir se comunicar decentemente. Necessidade? Voltar a encher o cofre esvaziado.

E nesse clima, topamos qualquer coisa. E ingressamos no universo dos chamados “sub” empregos.

Afinal: paga bem, que mal tem?

Será?

Durante o próximo mês, os posts da Sua Conterrânea tratarão dessa nossa vida de operário e carreira no exterior, numa série de textos chamada Vida de Labour.  Se preferir, acompanhe as atualizações pela página do Facebook aqui. E fique a vontade para sugerir temas, fazer críticas (peguem leve, haters!) e compartilhar com quem também possa gostar 🙂

Texto: Natália Godoy – Imagem: Facebook Fabio Engel

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