Tchauzinho, Melbourne

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Aqui terminam meus 5 meses em Melbourne, 3 dos quais foram de frio intenso, outros 2 de muito frio e o último mês finalmente de… mais frio. Dia sim outro também o clima gélido vinha acompanhado de um vento que variava desde aquela brisa que dói o dente até um minuano segure-se quem puder.

O sol brilhou algumas vezes. O suficiente prá me fazer ousar deixar o casaco em casa – e perceber a besteira 15 minutos depois. Ah não, esquentou de novo. Já nublou. Alá o so… já foi. Putz, esqueci o guarda-chuva de novo…

Ok, admito: tiveram uns 3 ou 4 dias de calor. Senegalês. Foi quando quase engoli 3 moscas e a cada semáforo via miragens de vendedores de raquete elétrica.

Lenço pra assoar nariz, pijamão de vó, minha gata, um parka da Kathmandu e uma xícara de chá foram minhas companhias mais fiéis em Melbourne.

Dizem que tempo ruim inspira nosso lado criativo. E Melbourne é prova disso. Graças ao céu nublado, consegui prestar mais atenção na arquitetura dos prédios clássicos e me espantar com a originalidade dos prédios modernos. Foi por causa dos dias ventosos que passei tardes em galerias de arte e museus (continuo não entendendo nada de arte, mas nunca imaginei que, com um Snapchat no celular e umas ideias imbecis na cabeça, relíquias do século XV podem render umas boas risadas).

É graças a esse inverno interminável que as pessoas reinventam seus armários, desenvolvem a boa gastronomia e apreciam as diversas formas de manifestações artísticas.

O céu pode ser cinza, mas as paredes são coloridas, os parques verdes, as pessoas brancas, pretas, amarelas e azuis (juro que Melbourne tem um homem de que tão tatuado chega a ser azul).

Obrigada, Melbourne, por ter me contagiado com sua atmosfera vibrante, por ter me inspirado com seus artistas talentosos e por ter enchido meu olhos, ouvidos, meu estômago e minha alma. Obrigada até pelos dias ruins – graças a eles me aproximei ainda mais da literatura e de mim mesma. 

Graças a eles, reconheci a senhora de 90 anos que habita em mim, que dá espaço a uma adolescente inconsequente que se entorpece junto com a cidade quando chega a Melbourne Cup.

Obrigada pelas sua gente gentil, pelos cafés quentes, pelos bondinhos gratuitos, pelos hipsters barbudos, pelas músicas nas ruas. Obrigada pelos fogos de artifício semanais e pelas charretes de Cinderela – às vezes parecia até um conto de fadas…

Através de vocês aprendi que é possível ser colorida, alegre e inspiradora. Mesmo que os dias estejam cinzas.

Texto originalmente publicado na página da Sua Conterrânea no Facebook. Para curtir a página, clique aqui.

2 comentários sobre “Tchauzinho, Melbourne

  1. Jeni disse:

    Otimo texto! Mudei permanentemente para Australia ha 7 meses e tb costumo me referir a este inverno como interminavel, por mais que ja tenha morado em lugares muito mais frios. Nao se trata somente do tempo… mas de tudo que vem com ele, tudo que temos que lidar e (re)aprender sobre nos mesmos.

    Sucesso na proxima etapa! 🙂

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    • Ô Jeni, achei dureza esse invernão (embora tenha lugares muito piores). Como você mesma disse: o jeito é olhar prá dentro e explorar novas possibilidades. Boa sorte aí querida, faça frio ou faça sol 🙂

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