Gente que vejo

Vejo executivos apressados, atletas suados, estudantes atrasados
Vejo turistas admirados e artistas inspirados

Cruzo com olhos redondos, olhos puxados
Vejo olhos delineados
Marrons, pretos e azulados
Só não vejo olho quadrado

Tem cidadãos do mundo
Tem gente esperando cidadania
Outros que atravessaram o mundo
Pra chegar na Oceania

Tem quem se orgulhe de onde veio
Outros que nunca queriam ter partido
Aquele que achou aqui um novo lar
E alguém da família quer teletransportar

Vejo pessoas que arrastam malas
Outras que arrastam problemas
Tem quem os deixe lhes carregar
Pra sempre ter do que reclamar

Vejo gente rindo com alguém ao lado
Outros sorriem com o dedo no teclado
Riso discreto ou riso escancarado
Sempre contagia quem está do outro lado

Pessoas com sentimentos feridos
Que aquele sapo não devia ter engolido
Um dia esse mal entendido
Há de ser resolvido

Vejo gente que pensa na vida que poderia estar vivendo, na ligação que deveria estar fazendo, na dor da qual estão padecendo e na atenção que estão merecendo.

Gente que espera o trem chegar, espera a promoção que vai ganhar, e aquela dívida finalmente quitar
Espera que a dieta vá funcionar, expectativas não alimentar, espera não se frustrar
Se isso vai ou não se concretizar
O importante é esperar

Imagem: Michael Aaron Williams – Texto: Natália Godoy

2 comentários sobre “Gente que vejo

  1. Carol disse:

    Oi Natália Conterrânea!
    Conheci você nos vídeo da Marcia Percival. Adorando os textos e essa poesia lacrou! Rs
    Resumo real e profundo
    Sucesso pra você!

    Curtir

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