vida no exterior

O que os brasileiros no exterior e a jornada do herói têm em comum?

Se a sua vida como brasileiro no mundo fosse roteirizada, há grandes chances de que a estrutura da narrativa seguisse a Jornada do Herói. Caso você tenha assistido Rei Leão, Aladim, Star Wars, Matrix ou Harry Potter, já foi exposto a ela. Se você conversou com algum brasileiro que deu certo no exterior, também.

Não faz ideia de que diabos estou falando? Abaixo dividi a Jornada do Herói, criada por Joseph Campbell, em 10 momentos. Desafio você, amigo imigrante/intercambista/amigo nômade, a não se identificar. Alerta: contém spoilers.

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Colecionando nãos

Um ano hoje tentando convencer o pequeno empresário da região norte de Sydney de que tenho comigo, na bolsinha pendurada ao ombro, um produto que pode de alguma forma melhorar o seu negócio. Da térmica vem o barulho do tilintar de garrafas, e é de onde retiro a bebida do momento, a tal da kombucha, kombuchá, cumbusha, cambodja… Continuar lendo

casal

Relacionamentos Duradouros

Ele almoçava hambúrguer, batata frita e comia o que tivesse vontade. Ela lia a tabela nutricional de tudo. Hoje a geladeira do casal está cheia de produtos orgânicos e a última vez que foram no tailandês ele quis saber com qual óleo fritavam.

Ela nunca teve afinidade com o mar. Ele ia ao trabalho de caiaque e surfava aos finais de semana. Atualmente, se o mar estiver para peixe, certeza que ela vai estar lá procurando Nemo.

Ele era generoso com dinheiro; poupava um pouco, gastava muito. Ela só gastava antes de ter uma reserva assegurada. Hoje ela entende que dinheiro é energia que deve circular. Já ele, reclama do preço da picanha.

Ela carregava experiências traumáticas de acampamento e prometera que nunca mais dormiria numa barraca. Ele comprou uma van com a qual viajaram todos os finais de semana durante 1 ano.

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Silêncio barulhento de um mundo ensurdecedor

Há dias em que travo feio pra fazer um simples post aqui na caçamba do Instagram. Nos últimos tempos isso tem acontecido com frequência. Reviro pela trigésima vez as fotos do celular em busca de uma imagem, navego no meu infinito bloco de notas atrás de uma ideia de legenda, dou meu milésimo rolê pelas timelines da vida…

E acabo dominada por uma mistura de ranço com vergonha alheia, vergonha de mim mesma, com preguiça e um cansaço sem precedentes.

Dizem que vivemos a era de obesidade informacional. Às vezes sinto que exagero no consumo de calorias vazias oferecidas nesse banquete online. A azia que fica sobe da boca do estômago e vai até a cabeça, deixando uma sensação de ressaca mental meio estranha, uma bagunça interna difícil de explicar… Daí o que eu faço? Rolo a timeline mais um pouquinho, provando que, seja lá qual foi a estratégia que usaram pra nos viciar nesse universo farto de gratificações instantâneas, tá funcionando às mil maravilhas comigo. Continuar lendo

visto
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Sobre pepecas cheirosas, chaleiras elétricas e caminhos sem volta

Minha implicância com máquinas de lavar louça começou quando vi meu sogro limpando pratos e talheres antes de jogá-los dentro dela. A rotineira lida do lar dele confirmou a teoria que eu ouvira há anos da minha mãe, que versava sobre a inutilidade dessas máquinas. Segundo sua sabedoria, a limpeza prévia das louças representa trabalho redobrado. 5 anos depois e não sei mais viver sem ela (a máquina).

Depois veio o espremedor de alhos, a maquininha que milagrosamente transforma um dente de alho em migalhas, um ato humanamente impossível a olho nu senão com uma faca japonesa e precisão de um caçador de pássaros. Mas de todas as invenções da modernidade, nenhuma é melhor do que os lencinhos umedecidos. Começaram inocentes, limpando bundinha macia de bebê, e hoje o arsenal vai desde lenços que eliminam graxa das churrasqueiras dos tiozão até os que removem sebo de peles oleosas de jovens na puberdade. Removem desde óleo sebáceo até gordura animal. Estão na mão de assadores e na bunda de crianças assadas. Continuar lendo

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partir ou ficar

Onde Morar

More num lugar onde a comida seja boa – mas que acima de tudo também sirva alimento pra sua alma, seja qual for o combustível que a alimente.

More num lugar onde o ar seja puro e você possa respirar tranquilo. Mas que te faça perder o fôlego de vez em quando.

Um lugar onde o aluguel caiba no orçamento e o noticiário não estoure a paciência. Onde o nascer do sol esteja ao alcance dos seus olhos e um café em boa companhia ao alcance de um telefonema.

Escolha um lugar onde suas ambições sejam atendidas. Onde você possa atingir o alto cargo que tanto almeja, abrir uma fábrica de cerveja ou fazer o que quer que seja.

Uma cidade em que o percurso pro trabalho seja longo o suficiente pra ouvir umas músicas animadoras, mas não lento a ponto de desanimar.

Um lugar onde você saiba a vaga onde estacionar, a prateleira na qual aquele produto está, um lugar baratinho para a calça finalmente mandar ajustar.

More no lugar onde você tenha crescido. Ou que você mesmo tenha escolhido. Fique onde a vida fizer mais sentido.

Diante da necessidade de partir, uma coisa eu posso garantir:

Um pouquinho desse lugar,
Para sempre com você vai estar.

Texto & Imagem: Natália Godoy