(…) Apenas quero que dentro de si mesma haja, na hora departir, uma determinação austera e suave de não esperar muito; de não pedir à viagem alegrias muito maiores que a de alguns momentos. Continuar lendo
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Sobre as coisas do Brasil que eu nunca imaginei que fossem fazer tanta falta
Pão de queijo, guaraná e até Festa Junina já estão quase virando commodities globais. Amigos, família e cachorro farão uma falta danada, mas disso a gente já sabe antes mesmo de partir. Mas os itens abaixo… ááaah, desses eu não esperava sentir saudade.
Bluebird
“Há um pássaro azul no meu coração que quer sair, mas eu sou demasiado duro para ele e digo, fica aí dentro, não vou deixar ninguém ver-te. Há um pássaro azul no meu coração que quer sair, mas eu despejo whisky para cima dele e inalo fumo de cigarros e as putas e os empregados de bar e os funcionários da mercearia nunca saberão que ele se encontra lá dentro. Há um pássaro azul no meu coração que quer sair, mas eu sou demasiado duro para ele e digo, fica escondido, queres arruinar-me? Queres foder-me o meu trabalho? Queres arruinar as minhas vendas de livros na Europa? Há um pássaro azul no meu coração que quer sair, mas eu sou demasiado esperto, só o deixo sair à noite, por vezes quando todos estão a dormir. Digo-lhe, eu sei que estás aí, por isso não estejas triste. Depois, coloco-o de volta, mas ele canta um pouco lá dentro, não o deixei morrer de todo e dormimos juntos assim com o nosso pacto secreto e é bom o suficiente para fazer um homem chorar. Mas eu não choro. E tu?”
Charles Bukowski, O Pássaro Azul
It’s Refugee’s Week
Essa é a Semana dos Refugiados e a Austrália tá toda nessa vibe meio amistosa meio polêmica.
A vinda desse pessoal que vem tentar asilo político aqui gera muita discussão e a forma como administrar isso parece ser um dos principais problemas da Austrália. O desespero de muitos desses refugiados é tamanho que alguns chegam em barcos insalubres e sem documentação, fugidos das guerras ou perseguições que sofrem no país onde nasceram (Paquistão, Somália, Iraque, Afeganistão, Síria e tantos outros).
Eu, que até já me conformei com algumas injustiças do mundo, não posso deixar de solidarizar com qualquer ser humano corajoso o suficiente para colocar a própria vida em risco em busca da sua felicidade. Assim como eu, uma privilegiada imigrante por opção, eles só estão lutando por um futuro melhor. No fim das contas estamos todos no mesmo barco.
Morando fora: respostas estúpidas para perguntas idiotas
Esclareça de uma vez por todas a interminável e repetitiva lista de dúvidas sobre a vida no exterior. – É seguro morar aí?
Você sobreviveu a um dos países com maior incidência de homicídios do mundo. Viveu maior parte da sua vida desconfiando de estranhos, trancafiado atrás das grades do seu prédio e evitando o uso do celular em público. Tem certeza que segurança é realmente sua maior preocupação durante os 6 meses que passará no Canadá? Continuar lendo
O dia em que eu me reapaixonei pelo Brasil
O dia em que eu me reapaixonei pelo Brasil não foi durante a Copa do Mundo, nem estava passando férias na Bahia. Meu time não havia ganhado jogo algum e não surgiram índices de que a violência tivesse diminuído ou a educação melhorado.
Me reapaixonei pelo Brasil em meio a protestos contra o governo, crise da Petrobrás, alta do dólar, dos juros e inflação. Clima de insatisfação geral, vindo de todos contra tudo. E foi nessa maré de desafetos que reatei meus vínculos com a pátria amada. Foi necessária uma tragédia pessoal – a perda do meu pai – para que aflorasse em mim uma nova perspectiva sobre meu país.